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Você sabe o que é crédito de carbono?

Talvez o leitor desconheça que o governo brasileiro vai propor durante a realização da COP-30 uma iniciativa para integrar os mercados de carbono a nível mundial. A proposta visa harmonizar padrões e conectar sistemas de comércio de créditos. Mas, antes de falar sobre a monetização do carbono, é necessário entender como funciona esse processo. Quando um país ou empresa possui créditos de carbono, isso quer dizer que, de alguma forma, ela deixou de emitir dióxido de carbono (CO₂), ou seja, não está lançando gases poluentes nocivos ao meio ambiente.

Sabemos que, por outro lado, muitos países e indústrias que possuem metas de descarbonização de seus processos não conseguirão cumpri-las dentro dos prazos estabelecidos, pois uma mudança assim demanda tempo, altos investimentos em tecnologia e, por que não dizer, uma grande dose de boa vontade. Na prática, quem tem créditos de carbono sobrando vende para quem não tem. Assim, criou-se, a partir do Protocolo de Kioto, em 1997, uma medida de compensação que busca mitigar a emissão de gases de efeito estufa.

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Esse processo de compra e venda está bem longe de ser uma unanimidade. Os que o defendem alegam que assim existe o fomento à criação de políticas públicas que garantam a sustentabilidade, numa medida prática que beneficia países emergentes, onde a venda dos créditos de carbono representa uma nova receita que alavanca o crescimento econômico. Entre os que o condenam, pesa o argumento de que a medida estimula os grandes poluidores a continuarem poluindo (o chamado "direito de poluir"), além de reforçar o domínio e o poderio das nações industrializadas sobre as menos desenvolvidas.

Respondendo à provocação sugerida no título deste artigo, 1 tonelada não emitida de CO₂ vale um crédito de carbono. Na Europa, o valor de 1 crédito de carbono é de aproximadamente € 76,92, enquanto nos Estados Unidos custa cerca de US$ 28,00 por tonelada. A precificação exata varia conforme o mercado e a legislação de cada país, com flutuações diárias e regionais.

Só começamos a enxergar o potencial deste novo mercado quando os grandes nomes do capitalismo abrem suas contabilidades para falar do assunto. A Tesla, fabricante de carros elétricos de Elon Musk, lucrou em 2022, US$ 1,77 bilhão com a venda de créditos a montadoras que não conseguiram cumprir as metas de emissão. A Microsoft, leia-se Bill Gates,  causou furor no mercado internacional no 1º semestre deste ano ao anunciar a compra de 60 mil créditos de carbono da empresa Indigo Ag.

O Brasil, a médio e longo prazo, também deve se beneficiar dos chamados créditos de carbono, uma vez que eles funcionam baseados na preservação de árvores, fazendas regenerativas e energia renovável, entre outros. O agro brasileiro, que há muito tempo se adequou ao manejo sustentável e dispõe de uma grande quantidade de terras disponíveis para o plantio, já começa a fazer as contas de quanto poderá lucrar, com as fazendas ganhando uma nova e importante receita dentro da chamada bioeconomia.


 

Maurício Cantoni é jornalista, diretor da plataforma H2 Content Hub

 
 
 

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